sábado, 10 de outubro de 2009

Inhaca


Inhaca-Ao sul de um sonho!

Para quem está em Maputo, o desafio é simples. Uma pequena mala cheia de boas vontades e 15 minutos de ansiedade, nas asas de uma avioneta, que o paraíso está próximo!

Com os pés em terra firme, o viajante percebe de imediato que ali fica o outro lado da vida. É  aquele lado, onde ninguém corre, porque o futuro pode esperar. E extasiado o visitante percebe que aquele ar que se respira e o calor que sente é o princípio de um mundo encantado onde as cores quentes estendem os seus braços para que neles se apertem os sonhos mais inocentes.

Os ilhéus são gente humilde que da terra e do mar retiram porção da sua sobrevivência porque o resto vem do sorriso encantado do turista, que não resiste à disponibilidade de quem sabe que a vida se faz da partilha. E dão muito, porque dão tudo e ainda assim acham que tudo não é nada, porque dali a pouco o visitante, com a mala cheia emoções, partirá.

Altivos e vigilantes, estão os coqueiros, generosamente recheados de cocos, que de quando em vez se precipitam e caem aos pés (prefiro pensar assim) do visitante, para que olhe para cima e receba as boas vindas. Vivendo mais junto à terra estão as maçalas que espalhadas por toda a ilha parecem impregnadas de um verniz que a juventude ainda lhes permite ostentar. Mais tarde, já maduras sabem que o seu destino, mais do que saciar a “fome” do seu senhor será o de se transformarem, em palco das emoções gravadas na sua casca pelo artista que orgulhosamente desafia o turista a transportá-las para o outro lado do mundo.

Das suas várias pontas, sobressai na ilha, a de Santa Maria, que debaixo das  águas transparentes, guarda os corais de uma vida que abriga seus filhotes. À sua volta, em peregrinação constante ondulando vaidosamente o corpo, estão, dotados de uma beleza cromática, única, os peixes que já não se surpreendem com os olhares esbugalhados do mergulhador que se sente parte de um conto de fadas.

Vale a pena, subir ao farol, É uma subida que desafia as melhores capacidades físicas do turista, que pelo meio da ascensão faz uma paragem estratégica, não vão as forças faltar, sabendo que dali a pouco um mundo novo se abrirá. Chegado ao cimo do farol é o momento onde pequenino o visitante olha para a grandeza da vegetação que cobre de verde a ilha e que faz de tecto às suas gentes. E fechando os olhos o “invasor” sente-se conquistado por um número sem conta de notas  musicais tocadas rapidamente e repetidamente por milhares de seres pequeninos que debaixo das suas asas guardam uma generosidade tão grande. Que pena que do outro lado do mundo não seja assim.

Meu Deus, como é divino o pôr do sol. Ele que atrevidamente, desce ao compasso das horas e pincela o céu com as cores e tonalidades que paleta alguma é capaz de albergar. Sente-se que o vermelhão se entende tão bem com os tons violetas e que tudo se sombreia rendido aos encantos da luz. É um horizonte esplendoroso que desfila perante o rendido visitante que sofregamente castiga o botão da sua máquina fotográfica na ânsia de ser capaz de guardar naquela caixinha as emoções que se atravessam na sua alma.

Tanta  coisa ainda por dizer, e por mais que escreva, nunca conseguirei fazer jus a este pedaço de paraíso  abraçado pelas águas do Índico.

Até um dia, Inhaca !

Aurélio Terra

1 comentário:

  1. A descrição que fazes faz sentir que esse "pedaço de paraíso" é um género de país das maravilhas. Haverá algum site onde se possa pesquisar fotos dessa maravilha???

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