Amanheceu lindo, em Maputo, o dia 9 de Agosto do passado 2009. Era um domingo especial, esse dia, diferente de tantos domingos. Para ele tinha eu reservado o início do grande assalto às memórias que o tempo resguardou intactas, apesar dos 35 anos já decorridos.
Quando acordei e dei comigo deitado numa cama de um Hotel no centro da cidade, saltei como que impulsionado por uma mola, e corri para a varanda disposto a enfrentar o impacto visual que só (digo eu) Maputo proporciona. Abri e fechei os olhos várias vezes. Aquilo que foi um sonho alimentado por um desejo crescente em o tornar realidade, estava a acontecer. É difícil, senão impossível, descrever por palavras as emoções que nesse momento se apoderaram de mim.
Socorri-me da camera fotográfica para perpetuar as imagens do meu contentamento. Não desliguei a máquina sem antes lhe prometer para esse dia, afincado trabalho sem folgas para descanso.
Nessa manhã o duche foi mais curto que o costume, mas a ânsia de pôr os pés a caminho do “fundo” de um sonho, impôs-se.
No pequeno almoço, dei o papel principal à papaia acompanhada de um delicioso sumo de goiaba. Entre cada trago, acendiam-se as luzes da memória e ficavam a descoberto episódios que já tinham sido colocados no arquivo morto, por ordem da mente.
Uma vez chegado à porta de saída (que também era a de entrada), perfilei-me em frente ao belo edifício da Sé Catedral e enquanto olhava para a escadaria de acesso à mesma, descortinava em mim, um miúdo em traje domingueiro, pela mão do seu pai, ao lado do mano mais velho, a caminho da habitual cerimónia eclesiástica. Contrariado sim, mas obediente.
Comecei então a cumprir o que tinha prometido à camera fotográfica. E ia na minha segunda fotografia, quando um jovem taxista vem ter comigo, alertando-me para o risco de estar a enquadrar um edifício que era do estado. E isso é crime que a polícia não deixa escapar adiantou o mesmo. Expliquei-lhe que estava a fazer uma fotografia panorâmica e que esse edifício não merecia qualquer destaque. Mas acabei por “meter a viola ao saco”, ou seja, a máquina na sua bolsa e agradeci ao jovem o alerta que me deu.
Ainda com tanto para contar acerca desse dia fantástico e já o texto vai demasiado alargado, recomendando um segundo capítulo para próxima oportunidade.
Entretanto, sejam felizes, por favor !
Aurélio Terra
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