quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Costa do Sol


Agora que o inverno se faz sentir e a neve caí, já a saudade do tempo quente me apoquenta. Assolam-me à mente em progressões rápidas, imagens de outrora, daquele calor tropical húmido que nos fazia suar o corpo, pacientemente aceite como uma bênção da natureza. Perco-me na visão da praia da Costa do Sol. Rebobino a memória em busca das brumas do tempo e revejo o terminal da Av. da Marginal, onde findava o asfalto. A esse espaço chegavam os machimbombos , avermelhados e de tejadilhos brancos, os da carreira nº 1 e da 17, apinhados de veraneantes que demandavam aquela zona balnear, para mergulharem nas águas tépidas emanadas do Índico. A grande mancha de pinheiros, ajudava a disfarçar a brasa que se fazia sentir. Ainda me lembro de nessa extensão, os automóveis a circundarem na viagem descendente, do tradicional passeio dos “tristes”, que começava e acabava na zona do Zambi. Depois do banho, eram as correrias sobre a areia escaldante, em direção às toalhas para dar lustro ao bronze. Aqui ou acolá surgiam fundeadas, pequenas embarcações da pesca artesanal. Como era curioso observar de perto o movimento rápido dos caranguejos, num constante vaivém, fustigados pelas ondas do mar. As amêijoas, como que envergonhadas, escondiam-se rapidamente perfurando a terra molhada. À praia da Costa do Sol, não se podia deixar de associar o restaurante do mesmo nome, ou do grego. Concluído na década 30, símbolo da dinâmica dos seus fundadores e uma alusão da restauração na capital moçambicana, sobejamente conhecido dos turistas sul-africanos. No seu imenso salão de refeições, serviam-se pratos típicos da cozinha portuguesa, moçambicana e indiana. Na velha e longa varanda, estendiam-se inúmeras mesas, onde eram degustados divinais camarões grelhados com tempero esmerado, acompanhados por cervejas (Laurentina e 2M) bem geladinhas, sorvidas em goladas compassadas. Antes de regressar ao velho continente, em tertúlias de amigos por lá desfrutei de bons momentos de convívio, que só terminavam com o romper da aurora. Rejubilo-me saber, que a Costa do Sol do passado, continua pelos melhores motivos a ser uma referência do presente.

Manuel Terra